12 novembro 2007

Uma mão cheia de nada.


O Governo de Carlos César comemorou, na passada sexta-feira, 11 anos desde que está no poder.



Volvidos 11 anos de governação de César e do PS, eis-nos chegados a mais um quadro comunitário de apoio à nossa economia.




Depois de milhares de milhões de euros enviados da Europa para os Açores, fico com a sensação de que algo de muito grave se deve ter passado para assistirmos a esta ausência de resultados das políticas, das obras, dos subsídios e do esbanjar.




Há 11 anos, a maioria dos Açorianos, e mais recentemente, a maioria dos Graciosenses encheu-se de esperanças e de expectativas sobre o futuro da sua terra e dos seus filhos.




Passados 11 anos, ninguém consegue esconder este sentimento de frustração, de desilusão e de autêntica traição sobre o que seria espectável relativamente à nossa evolução, ao nosso progresso, ao nosso aproximar com a Europa.




Muitos Graciosenses interrogam-se como foi possível ter tanto dinheiro, tantas condições de governo, com estabilidade e legislaturas completas, aliás, somos mesmo das regiões do mundo onde os governos cumprem na íntegra uma legislatura, mas não obtivemos resposta aos nossos mais elementares anseios de criação de riqueza e de modernidade.




A Graciosa tem apetências para tornar a vida dos Graciosenses mais aliciante e de maior progresso. É comum ouvirmos os representantes do Governo desculparem-se com fatalismos. É comum dizerem que é tudo muito difícil, é tudo muito complicado. É difícil fazer horários do Serviço Açoriano de Transportes Aéreos (alguns até esqueceram este nome), é complicado ter barcos e serviço de transporte marítimo, enfim, é tudo fatalismo e consternação.




Se olharmos bem no fundo das expectativas criadas aos Graciosenses nos últimos 11 anos, temos de ser consequentes e concluir que hoje há uma grande decepção para com os nossos governantes e para com o esquecimento a que nos votaram.




Dentro em breve serão apresentados mais um plano e orçamento regionais. Este ano, a verba da Graciosa aumenta para cerca de 25 milhões de euros. Certamente que vamos ouvir maravilhas sobre o dinheiro que vai ser anunciado para o próximo ano. Curiosamente em ano de eleições. Mas sejamos claros e sejamos objectivos. Lembram-se de como foram apresentados os últimos planos e orçamentos regionais no que diz respeito à Graciosa? Grandes apostas, grandes investimentos, grandes expectativas. De ano para ano repetem-se os discursos e repetem-se as promessas. Mas repete-se também a frustração, a decepção e o fatalismo institucional, este sim, lamuriento e deprimente.




Se tivermos o cuidado de somar os investimentos e as verbas dedicadas à Graciosa nos últimos anos e que não chegaram a ver a silhueta desta ilha branca, facilmente se conclui que o plano para o ano de 2008 ainda fica muito aquém do que a Graciosa necessita e do que devemos reivindicar que seja efectivamente feito.




Por outro lado, há vida para além de obras, e não são apenas as obras que empurram a nossa ilha para o lugar de progresso que todos desejamos. Nos últimos 11 anos os Açores não foram capazes de se tornar um lugar de sucesso económico, não foram capazes de sair da cauda do País e da Europa.




Ficamo-nos pelas obras, ainda não suficientes, e não apostamos nas políticas certas para dar o salto que as verbas da Comunidade Europeia impunham que déssemos. Temos uma boa escola, mas continuamos a ter dos piores resultados do país; temos uma fábrica de lacticínios mas a lavoura não vê o seu rendimento aumentar; temos um porto de pescas, ou por outra, havemos de ter, porque desde 2004 que está a ser feito e ainda não dá as condições que os nossos pescadores necessitam; temos um matadouro mas exportamos gado vivo (quando há barco).




E temos a desertificação, os baixos salários, o desemprego, o Rendimento Social de Inserção, a habitação degradada, o maior índice de envelhecimento, a pobreza declarada e a envergonhada e um sorriso nos lábios dos governantes e dos que os representam, para quem tudo está a caminho, tudo vai bem ou menos mal e com a arrogância de quem não tem mais soluções, apresentam uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma!




João Costa

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